terça-feira, 26 de outubro de 2010

É BÍBLICO DANÇAR NO ESPÍRITO?



       “A Bíblia fala sobre dançar no Espírito?”


Por Severino Pedro da Silva


Existe várias expressões bíblicas que referem-se a “dançar” e “bailar”. Contudo, nenhuma passagem das Escrituras fala de “dançar no Espírito”. Esta frase é nova. Não é bíblica nem teológica. Somos informados pelas Sagradas Escrituras que os povos antigos manifestavam seus sentimentos por meio das danças.

Após uma grande vitória de seus maridos ou parentes, quando voltaram das batalhas em defesa de suas vidas ou da pátria, as mulheres, incluindo esposas e filhas, saíam ao encontro dos vitoriosos com cânticos e danças (Jz 5.11,34). Miriã, a profetisa, a irmã de Arão e de Moisés, e todas as mulheres libertas do cativeiro egípcio, celebraram a passagem do Mar Vermelho “com tamboris e com danças” (Ex 15,20). Em tempos remotos, havia uma celebração ao Senhor em Israel e as filhas saíam a dançar em ranchos celebrando a “solenidade do Senhor em Siló” (Jz 21.19,21).

Davi, após conduzir a Arca da Aliança da casa de Obed-Edom até a cidade de Jerusalém, ia “bailando e saltando diante do Senhor” (2 Sm 6.16). Com o passar do tempo, essa prática tornou-se comum em Israel. Jeremias fala que depois de uma bem-sucedida colheita, “a viagem se alegrava na dança” e “e também os mancebos e os velhos” celebravam da mesma maneira (Jr 31.13). Também em suas lamentações o profeta acrescenta: “Cessou o gozo de nosso coração; converteu-se em lamentação a nossa dança” (Lm 5.15).

Parece que os profetas de Baal, durante sua cerimônia sacrificial, usavam uma espécie de música aos gritos de danças aos saltos ao redor do altar (1 Rs 18.26). Do lado sensual, havia também em Israel a conhecida “dança do ventre”, que ainda hoje é praticada com freqüência no Oriente Médio. As filhas de Sião, quando perderam o temor a Deus, adicionaram ao seu andar a dança do ventre – o que foi severamente condenado pelo Senhor (Is 3.16). Salomé, a filha de Herodes, dançou também dessa maneira (Mc 6.22).

No Novo Testamento, em algumas de suas passagens, a música e as danças encontram-se em evidencia, sendo praticadas nas solenidades judaicas. Jesus comparou à situação de seus dias com aqueles que diziam: “Tocamos-vos flautas, e não dançastes” (Mt 11.17). O irmão do filho prodigo ficou indignado quando ouviu e viu “a música e as danças” para seu irmão” (Lc 15.25). entre as nações semíticas, as danças sagradas eram observadas tanto por homens como por mulheres.

Existiam inúmeras recomendações bíblicas dizendo que os santos devem se alegrar no Senhor (Sl 32.11) e servir a Ele com alegria (Sl 100.2). Maria, a mãe de Jesus, foi uma jovem santa do Novo Testamento. Ela agradeceu a Deus dizendo: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1.46-47). Mas não existe nenhuma recomendação no Novo Testamento, que é o manual de orientação para a Igreja Cristã da Dispensação da Graça, dizendo que se deve “dançar no Espírito”.

Além disso, certas danças que existem por aí em certos seios evangélicos não são espontâneos, mas ensaiadas com antecipação e apresentadas ao público como “dançar no Espírito”. Por outro lado, existem também aqueles que aproveitam os momentos festivos e neles procuram extravasar suas emoções e euforias, além das regras preestabelecidas pela sobriedade da ética cristã.

Paulo fala de “orar no Espírito”, “bendizer no Espírito” e “cantar no Espírito”, mas jamis de “dançar no Espírito”. Não ignoramos as manifestações do Espírito Santo no meio do povo de Deus. Sabemos que em alguns momentos não é fácil mesmo se controlar diante do derramamento do poder de Deus. Contudo, a sabedoria divina nos ensina que, via de regra, quanto mais o cristão está cheio do Espírito, mas controlado ele fica. Pois a manifestação do Espírito Santo traz ao crente o amadurecimento e a sobriedade cristã. Descontrole não é sinal de estar totalmente controlado pelo Espírito de Deus.

Há outras maneiras mais suaves, dentro do campo da ética. De se agradecer a Deus pelo seu amor e bondade, do que certas práticas extravagantes que podem até despertar a curiosidade carnal.


Severino Pedro da Silva é pastor na AD no Belenzinho (SP), escritor e membro da Casa de Letras Emílio Conde.


Jornal Mensageiro da Paz, Dezembro de 2005 – Pág. 15.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A DIFERENÇA ENTRE O BATISMO DE JOÃO E O DE JESUS





“Por que Paulo batizou os crentes de Éfeso novamente (At 19.5), já sendo eles batizados no batismo de João (At 19.3)? Nesse caso, qual a diferença entre o batismo de João e o de Jesus”?

Por William Miranda

O que é batismo? Ora, batismo é uma ordenança deixada pelo Senhor Jesus Cristo que, juntamente com a Santa Ceia, se constitui doutrina. O batismo, apesar de várias tipificações no Velho Testamento, efetivamente foi realizado por João Batista, cujo nome já fala de batismo. Melhor dizendo, “Batista” não constituía nome, mas, sim, uma qualificação do que ele fazia. João Batista significa “o João que batiza”, pois seu nome com sobrenome era “João filho de Zacarias”. Era assim que se construíam os nomes à época.
Batismo é símbolo da morte para o mundo. A palavra, no seu original, sugere o entendimento de morte. O batismo é citado em 22 textos na versão Almeida Revista e Corrigida, e a maior parte relacionada ao próprio João e à palavra “arrependimento”. O batismo de João evoca a necessidade de arrependimento e morte para os pecados. Jesus foi batizado por João não porque precisa-se se arrepender de alguma coisa, mas, como nos diz a Bíblia, para “cumprir toda a Lei”, toda a tradição.
No caso em tela, levantado pelo leitor, observamos a questão da consciência para o batismo. Os irmãos citados em 19 não tinham conscientização do caráter de resgate que Cristo realizou na cruz do Calvário. Não conheciam o batismo no Espírito Santo. Em seu batismo em águas, eles não tinham consciência da obra redentora de Cristo. Tinham o arrependimento, porém não sabiam da Redenção, como subponto da Doutrina da Salvação. Eram batizados em águas para arrependimento, porém, por ignorância por falta de ensino, não sabiam que ao serem batizados não só “morremos para o mundo, mas “vivemos para Cristo”. o ensino estava incompleto.
Duas aplicações são vistas nessa passagem: o perigo do abandono do ensino integral da Santa Palavra do Senhor e uma questão de Teologia Prática – a consciência para o batismo. Esta última deve ser observada para não batizar-se pessoas que não sabem o que estão fazendo. É por isso que não batizamos crianças, por falta de consciência do ato. Nós as apresentamos como foi com o nosso Senhor Jesus.
A outra aplicação de que falamos é uma das questões contemporânea que mais solapam a igreja verdadeira. Estamos vivendo dias de abandono das doutrinas. São elas que nos fazem Igrejas. As doutrinas são nossa identidade. O que nos faz Igreja de norte a sul deste país, com tantas divergências regionais? As doutrinas. Lamento que tenham aparecido novos evangelhos, que não são idênticos àquele completo deixado pelo Senhor Jesus e confirmado pelo seu Santo Espírito, os quais foram e são a Pedra Angular e o sustento da Igreja. Pregam um Cristo que ora só cura, ora só expele demônios pelo seu nome, ora só dá dinheiro. Há também campanhas que seccionam o Evangelho, como, por exemplo: “segunda-feira: cura”; “terça-feira: família”; “quarta-feira: finanças”, e assim por diante. Jesus salva, cura, batiza no seu Santo Espírito todos os dias em todos os cultos, porque primamos pelo Evangelho completo.
E quanto a diferença entre o batismo de João e o nome de Jesus? O batismo de João aponta para o arrependimento. O batismo em nome do Senhor Jesus apresenta a obra completa.

William Miranda de Melo é pastor, vice-líder da AD em Sobradinho (DF) e membro da Comissão de Apologética da CGADB.                     

Jornal Mensageiro da Paz, Setembro de 2005 – Pág. 15.