sexta-feira, 8 de março de 2013

PODE UM SALVO EM CRISTO APOSTATAR DA FÉ?






Por José Gonçalves

A apostasia era algo bem real no reino do Norte e estava espalhada por toda parte. Na verdade a palavra apostasia significa, segundo os expositores, abandono da fé ou mudar de religião. (BROMILEY, Geoffrey. International Bible Encyclopedia. Books for the Ages, OR, 1997).
Foi exatamente isso que os israelitas estavam fazendo. Estavam abandonando a adoração devida ao Deus verdadeiro para seguirem aos deuses cananeus. Estavam trocando o jeovismo pelo baalaismo. Em o Novo Testamento observamos que os cristãos. São advertidos sobre o perigo da apostasia! Na epistola aos Hebreus o autor coloca a apostasia como um perigo real e não apenas como uma mera suposição (Hb 6.1-6). Se o cristão não mantiver a vigilância é possível sim que ele venha a naufragar na fé.
Em um artigo que escrevi para a revista Ensinador Cristão (CPAD), fiz uma exposição do texto de Hebreus 6.1-6, como creem as duas principais escolas teológicas — a calvinista e arminiana. John MacArthur em sua Bíblia de Estudo MacArthur, que reflete a posição calvinista, comenta a passagem de Hebreus 6.4-8 da seguinte forma:
“A frase ‘uma vez foram iluminados’ frequentemente se toma como uma referência a cristãos, e a advertência que a acompanha se toma como uma indicação do perigo de perder a sua salvação se ‘recaíram’ e ‘crucificaram de novo para si mesmo o Filho de Deus’. Pelo que não há menção de que sejam salvos e não são descritos com nenhum termo que se aplique unicamente a crentes (tais como santo, nascido de novo, justo ou santos). Este problema emana a partir de uma identificação imprecisa da condição espiritual daqueles aos quais o autor está se dirigindo. Neste caso, eram incrédulos que haviam chegado ao ponto de ter uma salvação genuína. Em 10.26, faz-se referência uma vez mais a cristãos apóstatas, não a crentes genuínos de quem frequentemente se pensa que perdem sua salvação por seus pecados” (MCARTHUR, Jonh. Biblia de Estudio MacArthur. Ed. Porta Voz, Grand Rapids, Michigan, 2004).
O argumento de MacArthur é bem construído, mas apresenta alguns problemas de natureza exegética. Daniel B. Pecota, teólogo de tradição pentecostal, observa que no Novo Testamento encontramos apoio para a doutrina da segurança do crente, todavia não como querem os calvinistas extremados. Ele destaca, por exemplo, passagens bíblicas que mostram que nada de tudo quando Deus deu a Jesus se perderá (Jo 6.38-40); Que as suas ovelhas jamais perecerão (Jo 10.27-30); Jesus orou para que Deus protegesse os seus seguidores (Jo 17.11); Somos guardados por Cristo (Jo 5.18); Que o Espírito Santo é o selo de garantia da nossa salvação (Ef 1.14); O seu poder nos guardará (1 Pe 1.5) e que o Deus que habita em nós é maior do que qualquer coisa fora de nós (1 Jo 1.4).
Por outro lado, a Bíblia de Estudo Pentecostal, ao comentar a mesma passagem bíblica de Hebreus 6.4-8, diz: “Nestes três versículos (Hb 6.4-6) o escritor de Hebreus trata das consequências da apostasia (decair da fé). Esta palavra (recairam, gr. parapesontas, de parapipto) é um particípio aoristo e deve ser traduzido no tempo passado — literalmente: “tendo recaído”. O escritor de Hebreus apresenta a apostasia como algo realmente possível.” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD).
Daniel B. Pecota observa ainda que os calvinistas desconsideram dezenas de passagens bíblicas que se contrapõem a teoria de “uma vez salvos para sempre salvos”. Observa-se que os teólogos da tradição calvinista ou reformada fazem dezenas de contorções teológicas para fundamentar suas convicções. John MacArthur, como já vimos, tenta anular a possibilidade de o crente vir a perder a sua salvação argumentando que as pessoas citadas na epístola aos Hebreus 6 não eram crentes genuínos ou que eram incrédulos. Mas como poderia o autor falar da possibilidade de alguém perder algo que nunca teve? Por outro lado, Millard Erickson, renomado expositor bíblico, também de tradição calvinista, argumenta que o autor fala de uma “apostasia” apenas hipotética! Ele argumenta que o autor diz que poderíamos apostatar, porém, mediante o poder de Cristo para nos conservar, isso não vai acontecer. Se é uma possibilidade que não existe, então por que o autor falaria dela? Um argumento que se autoanula!
Há dezenas de passagens bíblicas que, de fato, mostram que alguém pode apostatar ou perder a sua salvação. Jesus, por exemplo, diz que o amor de muitos esfriara (Mt 24.12,13). Ele adverte que aqueles que olham para trás são indignos do reino (Lc 9.62). Adverte-nos também a nos lembrarmos da mulher de Ló (Lc 17.32). O Senhor advertiu ainda que se alguém não permanecer nEle será cortado (Jo 15.6). Paulo, o apóstolo da graça, adverte que podemos cair da graça (G15.4). Ele ainda lembra-nos de que alguns naufragaram na fé (1 Tm 1.19) e que outros abandonarão a fé (1 Tm 4.1).
Para Paulo, aquele que negar o Senhor será negado por Ele (2 Tm 2.12). E Pedro cita aqueles que escaparam da corrupção do mundo pelo conhecimento do Senhor Jesus Cristo e que depois se desviaram. Todos esses textos mostram a possibilidade real, e não apenas hipotética, de alguém vir a perder a salvação. Como se desencadeia esse processo: 1) O cristão deixa de levar a serio as advertências da Palavra (Lc 8.13; Jo 5.44,47); 2) Quando o mundo passa a ser mais importante do que o Reino de Deus (Hb 3.13); 3) Uma tolerância para com o pecado (1 Co 6.9,10); 4) Dureza do coração (Hb 3.8,13); e 5) Entristecer o Espírito Santo deliberada e continuamente (Ef 4.30). (Veja o livro: Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal (HORTON,Stanley M. CPAD, Rio de Janeiro).
Um mal evitável
A apostasia, portanto, é uma real possibilidade, mas não devemos nos centrar nela, mas na graça de Deus. Ainda ao tratar desse assunto, a Bíblia de Estudo Pentecostal observa que, embora seja um perigo para todos os que vão se desviando da fé e se apartam de Deus, a apostasia não se consuma sem o constante e deliberado pecar contra a voz do Espírito Santo. As Escrituras afirmam com clareza que Deus não quer que ninguém pereça (2 Pe 3.9) e declaram que Ele receberá todos que já desfrutaram da graça salvadora, se arrependidos, voltarem para Ele (cf. Gl 5.4; 2 Co 5.1-11; Rm 11.20-23; Tg 5.19,20). Fica a advertência bíblica para nós: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações (Hb 3.7,8,15; 4.7).
Texto extraído do livro: Porção Dobrada, uma analise bíblica, teológica e devocional sobre os ministérios proféticos de Elias e Eliseu - José Gonçalves, págs. 19-23 – CPAD.



O QUE FAZER QUANDO OS FUNDAMENTOS SE TRANSTORNAM?


 
 
Por Ciro Sanches Zibordi

 
Não há como esconder os transtornos que ocorrem na igreja evangélica, principalmente nos âmbitos da liturgia e da pregação. Alguns líderes têm preferido ignorar as situações que causam incômodos, desarranjos, contrariedades, decepções, contratempos, como a prevalência de doutrinas falsas e práticas estranhas em nosso meio. Outros optam pela tolerância, permanecendo em silencio. Entretanto, a Palavra de Deus assevera: “Na verdade, que já os fundamentos se transtornam; que pode fazer o justo?”, Sl 11.3. Neste artigo, meditando nessa pergunta do salmista, relacionarei alguns transtornos de fundamentos e apresentarei soluções bíblicas.

O que são os fundamentos? A palavra “fundamento” diz respeito ao conjunto de regras e princípios, a partir dos quais se pode fundar ou deduzir um sistema, um agrupamento de conhecimentos. O termo alude, nas Escrituras, figurativamente, os princípios fundamentais do Evangelho (Hb 6.1-2) e os ensinos dos apóstolos e profetas (Ef 2.20). Em outras palavras, são as doutrinas, as ordenanças, os mandamentos, os princípios e os procedimentos devidamente embasados na Palavra de Deus.

É lamentável o que vem acontecendo no meio evangélico. Muitas igrejas estão abandonando ou negociando os fundamentos, como se eles não tivessem nenhuma importância. A Bíblia diz que Deus habita entre os louvores e que o culto coletivo da igreja abarca: salmos, doutrina, revelação, língua e interpretação (Sl 22.3 e 1 Co 14.26). Com base nessas verdades, temos o fundamento de que, numa parte (apenas numa parte) do culto que agrada ao Senhor, devem ser entoados louvores. Mas, o que tem acontecido em muitas igrejas? Temos visto uma apresentação sem-fim de cantores, duplas e conjuntos, como se o culto fosse um show de calouros! Afinal, Deus habita entre os louvores ou entre os cantores?

De acordo com as Escrituras, é nosso dever pregar o Evangelho, a fim de que vida sejam salvas e maravilhas aconteçam (Mc 16.15-20). Isto é um fundamento. Mas, o que vemos hoje? Milagreiros ocupam os púlpitos das igrejas, não para pregar o Evangelho, e sim para contar “testemunhos”, muitos deles contestáveis. Pregam os supostos efeitos do Evangelho, e não o Evangelho, a fim de cativarem o público. Muitas reuniões, nas igrejas, têm sido preparadas e realizadas para satisfazer o ser humano. É claro que o Senhor Jesus nos abençoa nos cultos coletivos, porém a finalidade deles, como a sua própria definição sugere, deveria ser cultuar a Deus.

Em todo o livro de Salmos e em várias outras partes das Escrituras, vemos que, nos cultos, devemos cantar louvores. Isto é, temos de glorificar a Deus, dando-lhe graças por todas as bênçãos que Ele tem derramado sobre a nossa vida (Sl 103.1-2). Todavia, a maioria dos “louvores” de hoje é voltada para a vitória do crente, haja vista os interesses comerciais de cantores, gravadoras, lojas e etc. daí a grande ênfase às promessas, ignorando-se que a Bíblia é também um Livro de mandamentos e princípios. O que podemos fazer ante esse quadro aparentemente irreversível?

Sabemos que o Senhor Jesus é o fundador e o fundamento da Igreja, estando Ele, portanto, acima dela e de todas as igrejas locais (Mt 16.18 e 1 Co 3.11). Isto é um fundamento. Mas, hoje, alguns (ou muitas?) igrejas e seus pastores têm sido mais valorizados do que o Sumo Pastor e seu Corpo. Não bastassem os programas “evangélicos” em que pessoas testemunham: “Depois que eu conheci a igreja tal, a minha vida mudou”, agora muitas denominações disputam para ver qual é a mais atraente. “Igrejas tal: aqui o milagre acontece” ou “Uma igreja modelo, um modelo de igreja” são alguns dos slogans adotados por líderes que perderam a visão do Reino de Deus.

Na mídia, vemos homens que já defenderam a verdade com intrepidez, verdadeiros profetas do Altíssimo, os quais outrora se levantavam contra movimentos que torcem o Evangelho, como o G-12, agora defendendo-os e se associando a eles por puro interesse comercial (2 Pe 2.3; 1 Tm 6.9-10 e Ef 5.5). Antes, eles se opunham à falaciosa Teologia da Prosperidade e aos desvios na área da batalha espiritual, mas agora se tornaram os principais defensores dessas e de outras doutrinas falsificadas.

A Palavra de Deus afirma que o pregador divinamente chamado deve falar a respeito do Senhor Jesus e de sua gloriosa obra (1 Co 2.1-5). No entanto, o que acontece em grandes congressos de algumas igrejas evangélicas? Os pregadores convidados são aqueles capazes de atrair multidões, mesmo que eles não tenham compromisso com a Palavra de Deus e até propaguem heresias, modismos e maus costumes. E os fundamentos? Ora, quem está preocupado com isso? Afinal, o mais importante é juntar multidões e garantir uma boa arrecadação, com a qual a igreja pagará o alto cachê das celebridades convidadas e ainda ficará com um bom dinheiro em caixa!

Transtornam-se os fundamentos. Mas, como justos, podemos orar pela igreja brasileira, pelos líderes, pregadores, ensinadores e cantores, a fim de que não mercadejem o Evangelho, como muitos têm feito (2 Co 2.17). A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16). Preguemos também a verdade, nada temendo (Ez 2 e At 7). Afinal, a Palavra de Deus assevera: “Conjuro-te (...) que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo (...) Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscência; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu sê sóbrio em tudo...”, 2 Tm 4.1-5.

 
Ciro Sanches Zibordi é pastor na AD de Cordovil, Rio de Janeiro (RJ), e co-autor de Teologia Sistemática Pentecostal (CPAD) .

Jornal Mensageiro da Paz de Dezembro de 2008, Pág. 16.
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O QUE É “EXERCITAR-SE NA PIEDADE”?



“Em 1 Timóteo 4.7, Paulo fala a Timóteo para que ele ‘exercitar-se na piedade’.
O que essa expressão bíblica significa exatamente?”
(Jorge Lória, São João de Meriti – RJ)


Claudionor de Andrade

A piedade não é um simples respeito pelas coisas religiosas, nem uma mera devoção. Conforme muito bem a definiu James D. Burns, é o conhecimento de Deus na mente do homem. Ao enfoca-lo sob a ótica dos Evangelhos, George Hodges afirmou que Jesus é amigo dos pecadores, mas só pode ser companheiro dos crentes piedosos.

O termo grego traduzido por piedade na Bíblia é mui significativo: eusébio. Ele traz a idéia de reverência e culto. A palavra pode ser interpretada, de acordo com Alford, como a virtude operosa e adoradora. Por conseguinte, a piedade não é estática; é uma disposição firme e constante para a prática do bem.

Não foram poucos os filósofos que viram na piedade o ingrediente indispensável à alma humana. Haja vista o que dela afirmou Confúcio: “Piedade e obediência, eis as raízes da humanidade”. Em seus Últimos Sonetos, assim cantou o admirável poeta Cruz e Souza: “O coração de todo o ser humano foi concebido para ter piedade”.

A piedade, todavia, não deve ser contemplada nem meramente almejada. Exorta-nos Paulo a exercitá-la. Ao fazer ao jovem pastor Timóteo a recomendação “Exercita-te a ti mesmo em piedade”, o apóstolo Paulo tinha em mente a disciplina dos atletas gregos que, na conquista de uma vitória, exercitavam-se até à exaustão.

Leiamos o referido texto no original: gúmnaze dé seautón prós eusébeian. O verbo grego gumnázo significa exercitar-se completamente despojado a fim de que nada tolha seus movimentos. Assim, concorriam os atletas dos jogos públicos da Grécia Clássica. Disciplinadíssimos, não admitiam que nada lhes atrapalhassem a conquistas do premio. Levavam eles tão a serio a competição, que os seus concursos eram conhecidos como agón. É deste vocábulo que nos vem o termo agonia, que, primitivamente, descrevia a ansiedade do atleta nas competições. Por conseguinte, o verbo agonízomai expressa este propósito: esforço-me no agón, pelejo, luto, persevero nas provas.

Somente lograremos a estatura de varões se nos exercitarmos na piedade dos primitivos helenos. Nesse exercício, havermos de chegar à exaustão; estaremos em agonia, a fim de que, em todas as coisas, agrademos Àquele que nos alistou para tão árdua, porém gloriosa peleja. Se almejarmos uma vida piedosa, haveremos de nos exercitar na Palavra de Deus, na oração e nas boas obras.

Dedique-se às Escrituras. Torne-se delas inseparável. E que a sua leitura do Santo Livro seja acompanhada por súplicas e perseverantes orações. Temos nos exercitado na oração? Ou já temos nos conformado com uma vida desprovida de vida? Ou com um ministério sem serviço? Ou com uma esperança desesperançada? Ou com um devoção desapaixonada e fria?

Não podemos nos enganar: a piedade inexiste sem oração. Os mais piedosos são os que mais tempo passam aos pés do Senhor. Ao discorrer sobre a qualidade da vida cristã, E.M. Bouds é irretorquível: “É a força da oração que faz santos. Os caracteres santos são formados pelo poder da oração verdadeira”.

E sobre as boas obras, escreveu Paulo: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”, Ef 2.10. O crente não é salvo pelas boas obras, mas para as boas obras. E, nestas, devemos exercitar-nos continuamente, a fim de que o nome de Deus seja glorificado (Mt 5.16).


Claudionor de Andrade é pastor, gerente de publicações da CPAD e co-autor de Teologia Sistemática Pentecostal (CPAD).    

Jornal Mensageiro da Paz de Dezembro de 2008, Pág. 17.

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ATAQUE À FÉ PENTECOSTAL TENTA DESACREDITAR DONS ESPIRITUAIS.


Por Antônio Mesquita

Depois de assistir a um programa bizarro e aviltante de uma seita bastante conhecida, não pude deixar de apresentar esta defesa da fé cristã diante da afronta que fizeram aos que recebem o batismo no Espírito Santo e à ação dos dons espirituais. Essas pessoas nem mesmo precisariam ser espirituais. Um pouco de inteligência ou temor bastariam. A exposição, por seus argumentos, demonstrou mesquinharia e mediocridade. Sem nenhuma base bíblica convincente, ou explicação para nortear suas farsas, tais opositores se fazem “o outro lado”. Este termo é uma referência à Palavra Satã, no hebraico (demônio), que tem raiz no verbo impedir, bloquear.

Para estes, falar em línguas não passa da tradução da mensagem de uma determinada língua para outra, por meio do aprendizado repentino da língua desconhecida em sua cultura (sic). Tentar confundir quando misturam dom de interpretação de línguas (1 Co 12.10) e sua rasteira explicação, pois “há diversidade de operações”, uma vez que “a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”, v.6. São como Simão, o Mágico, que queria, à moda desses “ensinadores televisivos”, tomar o poder de Deus como simples variação humana e que, portanto, poderia negociá-lo.

A Bíblia afirma que o derramar do Espírito foi para o temor dos apóstolos e para o futuro: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar”, At 2.39. 1) aos presentes (vós); 2) a vossos filhos (geração seguinte); 3) e a todos os que estão longe (gerações subsequentes e distantes indicadas no imperativo do Senhor: “até aos confins da terra”).

“Outros zombavam”

Esse tipo de crítica irresponsável e agressiva é próprio de neófitos. No Dia de Pentecostes, ocorreu algo semelhante. Enquanto alguns se maravilhavam, “outros zombavam”. E mais, “nos últimos dias” (v.17) é uma indicação no plural projetando o futuro. Tem paralelo forçoso com os “últimos tempos” de 1 Timóteo 4.1 (“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos...”), neste caso, pela indicação de apostasia, caracterizada na idéia expressa desses homens. Apostasia é a “Separação ou deserção do corpo constituído (de uma instituição, de um partido, de uma corporação) ao qual se pertencia; abandono da fé de uma igreja, especialmente a cristã” (Aurélio).

Atos 2.39 afirma que no Dia de Pentecostes estavam em Jerusalém, não somente judeus, mas “judeus” e “varões religiosos, de todas as nações” (2.5), inclusive “forasteiros romanos” (2.10). Os que não aceitaram o plano divino zombavam e até buscavam explicação humana para a ação do alto: “Estão embriagados”. Estes foram nomeados “geração perversa” (2.40). Podemos igualmente visitar Gálatas 1.8, livro que reflete a apologia de Paulo aos hereges da época: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro Evangelho que vá além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”.

Afinal, não vamos além, e ainda não ficamos aquém. Pregamos o que está na Bíblia sem equívoco de interpretação a partir de uma idéia sem nenhum fundamento exegético. A interpretação que corresponde à exegese bíblica, quanto a visão distorcida do batismo no Espírito Santo, tem o peso da antecipação crítica com o intuito de justificar o injustificável.

O principal entrave para esses tais, não é só a questão do falar novas línguas, mas tudo o que diz respeito aos dons espirituais, conforme é citado no texto: “Porque andamos por fé e não por vista”, 2 Co 5.7. E quem anda por vista, por não crer em milagres, não pode andar por fé.

A fé serve justamente para que o impossível (à visão e mentes humanas) torne-se real. Aí reside a principal dificuldade – crer no impossível: cura divina; expulsão de demônios e toda e quaisquer manifestação de maravilhas.

Os sinais, em especial os operados pela manifestação dos dons espirituais, ainda permanecem como meio poderoso para afugentar a frieza espiritual, conforme as Sagradas Letras preconizam: “Não havendo profecia, o povo se corrompe”, Pv 29.18. Segundo comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), “profecia” neste versículo traduz a palavra hebraica hazon (literalmente ‘visão’ e também ‘revelação’’’).

A audácia desses homens incautos completa a blasfêmia quando afirmam que “milagres da nossa época se referem à atuação de espíritos enganadores”. Ora, os fariseus demonstravam esse mesmo “zelo religioso” e acusaram Jesus por motivo idêntico (Lc 11.14-28). A ação do Espírito (“o dedo de Deus”, v.20), com expulsão de demônios por Jesus, fora nomeada pelos fariseus como algo efetivado em conluio com o próprio demônio (“Belzebu, príncipe dos demônios”, v.15). O apóstolo Paulo ensina em 1 Coríntios 12: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. Quando o crente é cheio do Espírito Santo, transborda, conforme ensina Jesus ao falar na Festa em Jerusalém: “Quem crê em mim, coo diz as Escrituras rios d’aguas vivas correrão do seu ventre”, Jo 7.38.

Como é ver um rio com água vivificada? Vamos imaginar. Será que tem movimento, barulho, quando rola a água em suas pedras. Indica vida, testemunhada visivelmente, como autentica renovação? Ou indica algo parado, invisível, morto, traduzido nas belas letras de uma poesia? A Bíblia segue ensinando: “E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”, Jo 7.38-39. Pedro fala dos últimos tempos e apresenta o perfil de falsos doutores: “Mas estes como animais irracionais... blasfemando do que não entendem... Estes são fontes de água... (Secos), porque falando coisas mui arrogantes”, 2 Pd 2.12,17,18...” Lembra-se dos dois discípulos a caminho de Emaus e da presença de Jesus entre eles? Em Lucas 21.32 é dito que seus corações ardiam. Arder é “Produzir sensação de ardor; queimar, abrasar” (Aurélio). Por favor, leia e examine a Bíblia (“Porventura, não errais em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?”, Mc 12.24) para que o Senhor “possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados...”, Hb 5.2.

 Antônio Mesquita é ministro do Evangelho, graduado em Teologia, escritor e jornalista. Mesquita.antonio@cpad.com.br

Jornal Mensageiro da Paz de Setembro de 2008, Pág. 16.
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

SOBRE O USO DE VELAS NA LITURGIA




“Qual a origem e o sentido do uso de velas na Igreja Católica Romana e em algumas igrejas protestantes, e quais as razões bíblicas para responder quem usa?”


(Joel Batista de Souza, Nova Londrina – PR)



Emmanuel Elmani de Carvalho
Dentre os fatores que têm separado os diversos segmentos cristãos ao longo da história da igreja, certamente um dos mais importantes é a liturgia seguida durante a realização do culto. E dentre tantas práticas diferentes, temos o uso de velas durante as celebrações, praticado, em especial, por católicos romanos, além de algumas igrejas históricas como anglicanos, luteranos, alguns metodistas e alguns presbiterianos.

Parafraseando a pergunta em tela, três questões naturais se levantam sobre esse assunto: Quando teve início a prática de se usar velas nas reuniões de culto por parte desses segmentos? Qual a origem ou fundamento para se adotar tal uso? Que efeito essa prática tem sobre a espiritualidade dos celebrantes?

Não há um consenso sobre quando se iniciou o uso de velas nos cultos cristãos. Alguns autores dizem que a prática teve início em 320 d.C., mas há fontes confiáveis que autorizem tal informação. Além do mais, muitos teólogos e historiadores católicos romanos e até mesmo reformados alegam que o emprego de velas ou luminárias, como candeeiros e lamparinas, fazem parte do rito cristão desde tempos em a igreja se reunia em catacumbas, devido às intensas perseguições sofridas durante os primeiros séculos de história da igreja.

A adoção das velas como elemento presente no culto passou a intensificar-se a partir dos tempos em que a igreja tornou-se religião praticada em todo o Império Romano, com status de religião oficial (no século IV). Nesse período, a comunidade cristã passou a se reunir em prédios, alguns deles antigas instituições públicas, e a apresentar uma liturgia bem sistematizada com a presença de elementos simbólicos “recheando” o ambiente da adoração cristã. Diferentemente da espiritualidade simples dos tempos apostólicos (Ef 5.19; Cl 3.16), as reuniões dessa nova cristandade eram carregadas de formalismo e passaram a utilizar elementos simbólicos para atender à demanda de uma parcela da igreja pseudo-convertida, que necessitava de um culto como o uso de objetos que representassem, de forma material, a presença do Senhor. Houve uma adaptação dos padrões culturais do Antigo Testamento para celebrações da igreja. As cores dos utensílios, as vestes do sacerdote e as luminárias, entre outras práticas – algumas até pagãs –, foram sendo importadas para a liturgia cristã. Assim, as velas passaram a ser usadas como equivalente do candelabro do Santuário ou Templo judaico. Alega-se também que tais luminárias representam a pessoa de Jesus, a luz do mundo.

Sabe-se, de forma conclusiva, que as reuniões da igreja apostólica eram desprovidas de tais elementos materiais. É que a presença do Espírito Santo dispensava o uso de objetos, enquanto, no Antigo Testamento, esses elementos eram usados para prenunciar, como sombras, as realidades espirituais experimentadas pela comunidade primitiva.

Deve-se entender, portanto, que tal prática é inócua. Nada acrescenta à espiritualidade do crente. Não é pecaminoso em si, mas é totalmente dispensável, pois, num culto verdadeiro, a presença real de Cristo ilumina corações e mentes. Na verdadeira adoração, o que mais importa é o estado de comunhão verdadeira com Deus e não os elementos externos que embelezam o ambiente, e que podem esvaziar a alama do adorador.
Emmanuel Elmani de Carvalho, pastor da Assembleia de Deus em Natal (RN), teólogo, professor no Centro de Estudos Teológicos, superintendente da EBD, formando em Administração, pós-graduado em MBM em Gestão Estratégica da Informação, e formando em Ciências Militares.

Jornal Mensageiro da Paz de Abril de 2011, Pág. 17.

 
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O LOCAL CORRETO DO TEMPLO DE JERUSALÉM




“É verdade que o Templo de Jerusalém ficava a 150 metros de onde está a Mesquita de Omar?”


(Rogério da Silva Vieira – Florianópolis, SC)



Silas Daniel

O Templo de Jerusalém, lugar sagrado e de adoração para os judeus, deverá ser reconstruído segundo a profecia bíblica, uma vez que a Palavra de Deus afirma que o Anticristo haverá de profanar o Templo (Dn 11.31). ora, para se reconstruir o Templo, é preciso saber precisamente onde ele se encontrava. Por isso, arqueólogos do passado e do presente têm se dedicado a discutir o local onde ele se encontrava. As divergências são pequenas, e uma corrente é a majoritária.

Antes de tudo, é preciso se lembrar que na sucessão histórica houve três Templos que estiveram no Monte do Templo entre 960 a.C e 70 d.C. O primeiro Templo foi construído por Salomão entre 967 a.C. e 960 a.C. (1 Rs 6). Os babilônios destruíram esse Templo em 586 a.C. (2 Cr 36.19). o Templo foi reconstruído sob a liderança de Zorobabel (Ag 2.1-9), sendo as fundações em 536 a.C e a dedicação da sua estrutura em 515 a.C. por cerca de 500 anos, esse Templo permaneceu em sua forma modesta até que sofreu uma reforma durante o Império Romano. Herodes, o Grande, nomeado rei dos judeus pelos romanos, aumentou e reformou o Templo, começando seus trabalhos em 19 a.C. e dedicando-o dez anos depois.

Embora em termos históricos e arquitetônicos o Templo de Herodes seja conhecido como o Terceiro Templo, ele era chamado pelos judeus ainda de Segundo Templo, porque a oferta dos sacrifícios não fora interrompida durante a reforma. O Templo de Herodes foi destruído completamente pelos romanos no ano 70 d.C., conforme a profecia de Jesus (Mc 13.1-2).

Após o primeiro Templo ter sido queimado pelos babilônicos, o Templo de Zorobabel foi construído no mesmo lugar e com as mesmas medidas do Templo de Salomão. O fato de serem poucos os achados do Primeiro Templo é explicável. “Os construtores reutilizaram algumas das antigas pedras do Primeiro Templo, cobrindo assim os restos arqueológicos do Primeiro Templo. Acreditar-se, inclusive, que algumas pedras das paredes exteriores que cercam o Templo são salomônicas e que partes dos muros na área do Ofel são do período do Primeiro Templo”, explica o arqueólogo Randall Price, autor do livro “Arqueologia Bíblica” (CPAD).

A primeira teoria bastante popular sobre o local exato do Templo foi de Asher Kaufman, físico da Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele se baseia em um texto de um tratado da Mishná chamado Middot (“medidas”). Usando essa fonte e cálculos físicos, ele chegou a posionar o Templo no canto noroeste da plataforma atual do Monte do Templo, cerca de 100 metros do Domo da Rocha dos mulçumanos, no local da cúpula pequena.

Outra teoria é a do arquiteto Sagiv, Tel Aviv, que de acordo com características arquitetônicas e exames com raios infravermelhos, afirma que o Templo foi construído onde hoje se situa a mesquita mulçumana de Al-Aqsa, com seu Santo dos Santos no lugar da fonte de Al-Kas.

Porém, a teoria que prevalece até hoje é a dos arqueólogos israelitas, que favorece o local tradicional, imediatamente ao oeste e no centro da plataforma, exatamente no atual lugar do Domo da Rocha. Os arqueólogos Benjamim Mazar e Leen Ritmeyer, hoje na Inglaterra, estudaram o Middot, as referências de Josefo sobre o Templo e as mudanças na estrutura da plataforma no Monte do Templo durante os séculos e, por meio de cálculos seguros, chagaram ao local exato.

“Ritmeyer removeu artisticamente os aumentos mais recentes feitos na plataforma pelos hasmoneanos e Herodes, que foram identificados em escavações arqueológicas, e tracejou as dimensões dos vários pátios do Templo como estão registrados no Mishná. Isso lhe permitiu definir o Templo na plataforma de 500 côvados, conforme o Middot, no lugar do atual Domo da Rocha”, explica Price.

Silas Daniel, pastor, jornalista, chefe de Jornalismo da CPAD e autor dos livros “A Sedução das Novas Teologias” e “Habacuque – a vitória da fé em meio ao caos”, ambos CPAD.

Jornal Mensageiro da Paz de Abril de 2011, Pág. 17.

 
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O DÍZIMO NÃO É UMA BARGANHA, É UM ATO DE FÉ




Por Alcides Favaro

“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus, creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam”, Hb 11.6.

Quando dizimamos, não estamos comprando as bênçãos de Deus, mas estamos reconhecendo seu senhorio. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”, Sl 24.1. Não se trata de uma barganha com Deus. Nós não temos nada, absolutamente nada para barganhar com Deus. O que nós temos de bom foi tudo o que Deus nos deu. Como podemos barganhar com Deus, se tudo é dele? Então, ao dar dízimo, estamos honrando o Senhor com os nossos dízimos e isto por fé. Quem honra a Deus pela fé também será honrado por Deus. “Mas o justo viverá da fé; e, se ele recusar, a minha alma não tem prazer nele”, Hb 10.38. os justos são aqueles que foram justificados por Deus e por essa razão sempre procuram andar em justiça. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo”, Rm 5.1. Para o justo, dizimar é um ato de fé e obediência, não é uma barganha com Deus.

Os crentes que não têm fé para dar o dízimo passarão a vida toda dando desculpas: “Eu sou pobre”, “Eu ganho pouco”, “Tenho muitas prestações a pagar”, “Na Bíblia, o dízimo não é para a dispensação da graça”, “Meu dízimo é muito alto para entrega-lo na Casa de Senhor”, “Não vou dar o dízimo porque não sei o que fazem com meu dízimo” etc. a incredulidade torna-se tanta que amam mais o dinheiro que o Senhor que deu a vida e a Salvação. “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (riquezas)” , Mt 6.24.

O dinheiro é apenas um meio e não um fim em nossas vidas. Os crentes que não têm fé dão todo tipo de desculpas, como já mencionei, mas o dinheiro é que domina suas vidas.

Os crentes fiéis têm fé e honram a Deus com seus dízimos, porém jamais fazem barganhas. “Diz o Senhor dos Exércitos: se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vos bênção, que dela vos advenha a maior abastança”, Ml 3.10b. O Senhor diz no versículo citado que tem promessa de bênçãos aos dizimistas, porém não está fazendo barganha. “Porque os que me honram, honrarei...”, 1 Sm 2.30. Todos os que dizimaram antes, durante e depois da Lei de Moisés, honraram a Deus. Nos dias dos profetas até Malaquias, também honraram ao Senhor.

Jesus, durante seus dias na terra, em Seu ministério, não desaprovou a entrega dos dízimos, não sei o que fazem com meu dízimo, apenas ensinou-lhes o comportamento correto para honrar a Deus. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei: O juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir aquelas”, Mt 23.23.

“Honrarem ao Senhor com teus bens, e com as primícias de toda a tua renda; assim se encherão de fartura os teus celeiros, e transbordarão de mosto os teus lagares”, Pv 3.9,10. O início do versículo mencionado diz: “Honra ao Senhor com teus bens”. Depois é que vêm as promessas de bênçãos.

Concluo então que a fé e a obediência andam juntas na vida de todos os dizimistas que honram a Deus com seus dízimos. Aos que não são dizimistas, é chegado o momento de honrarem ao Senhor. Façamos o que é bíblico, teológico e doutrinário: honremos ao Senhor com nossos dízimos.

Pastor Alcides Favaro é presidente da Assembleia de Deus Ministério do Ipiranga e da Convenção dos Ministros Ortodoxos no Estado de São Paulo e Outros (Comoespo) .

Jornal Mensageiro da Paz de Agosto de 2011, Pág. 22.

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O CRISTO SOB A TINTA



Por Claudionor de Andrade

“Eu te superei, Salomão”, vangloriou-se Justiniano I ao concluir a construção da Igreja de Santa Sofia em 537. As colunas daquela casa, talhadas todas em raríssimo mármore, emprestavam-lhe uma beleza invejada pelos gregos e que não seria alcançada pelos renascentistas. Exagerava o imperador bizantino? Como do Santo Templo de Jerusalém só nos resta um muro solitário e carregado de lamentos, concedemos-lhe o obsequio da dúvida.

Se a comparação arquitetônica entre ambas as casas faz-se quase impossível, cotejemos-lhe a teologia e a história. Tanto o templo de Salomão como a igreja de Justiniano foram erguidos para enaltecer o nome de Deus. Mas aquele logo transformou-se num covil de ídolos prostitutos e sanguinários. Esta, apesar de ostentar por mais de novecentos anos a cruz de Cristo, não resistiu ao crescente do Islã. Em 1453, sob a espada do otomano Mehmed II, o estandarte de Alá exaltou-se sobre a magnifica cúpula, intimidando uma Constantinopla que já era Istambul. Ao conquistar a capital de Bizâncio, Mehmed fez da bela e enaltecida basílica uma mesquita que, por muitos séculos, seria o orgulho do Islã. O sultão conseguiu superar o imperador que, levianamente, dissera haver suplantado o próprio rei Salomão. Mas, em 1935, um homem haveria de sobrepujar tanto a Justiniano quanto a Mehmed.

O pai dos otomanos, como Kemal Ataturk fazia questão de ser lembrado, ansioso por ocidentalizar a Turquia, secularizou a mesquita que já fora igreja. Sua astúcia logrou a esperteza de Justiniano e os rompantes de Mehmed. Agora, nem cruz, nem o crescente; doravante, museu. Já autorizados a visitar o local, os cristãos não tiveram dificuldades para divisar, naquelas paredes ainda carregadas de reverência, os resquícios de sua história sob demão de cores já desmaiadas. Removendo a cal duma parede, com a pericia dum mestre florentino, os restauradores descobriram a imagem do Cristo. As caiações, emudecidas agora, testemunham o desaparecimento de um cristianismo morno e conformado com o mundo.

Muitas igrejas, hoje, em nada diferem da basílica de Santa Sofia. Hábil e astutamente, oculta o Cordeiro sob a demão de uma teologia que, coroando o homem, destrona a Deus. Sob a camada de uma doutrina enfermiça e viciada, escondem o sacrifício do Unigênito. Da tela da sã doutrina, removem, com a lâmina de um academicismo frio e insensível, tanto a cruz quanto o Crucificado. E com as cores da heresia, desornam o divino para ornar o humano.

No átrio de suas cobiças, esculturam um deus segundo a sua imagem e semelhança. Um deus leniente e permissivo, que não lhes vê o adultério, porque não escreveu o sétimo mandamento; que não lhes censura as rapinagens, porque não cinzelou em pedra a oitava ordenança; que se deleita com suas inverdades, porque não redigiu o nono preceito. Um deus, enfim, que jamais esculpiria as tábuas da Lei nem enlevaria o madeiro que revela as riquezas da graça. Elas buliram admiravelmente seus ídolos, mas já não conseguem moldar o caráter da criança nem talhar o coração do impenitente.

À semelhança de Santa Sofia, tais igrejas fizeram-se museus; algumas, mausoléus. Elas têm história, mas já não fazem história. Até um espaço de memória possuem, porém já não têm a lembrança do primeiro amor. O retrato dos pioneiros ainda se sustentam em suas paredes. Elas, contudo, já não se aventuram pelo Evangelho, cumprindo, além fronteira, os reclamos da Grande Comissão.

Ontem, movimento; hoje, monumento. Antes, a ação, agora, nem reflexão, mas um ruminar das coisas que eram e que, neste momento, limitam-se a existir. Expostas nesses museus, causam admiração e até espanto. Todavia, são águas que já não movem o moinho. As duas mós, adormecidas e silentes, são vistas e até enaltecidas historicamente, mas teologicamente, desprezadas; já não multiplicam o pão à ordem do Mestre. Lembrem-se de Éfeso? Que belo museu era essa igreja. Até o mesmo Senhor elogiou-a por aquele magnifico acervo de boas obras, ortodoxia e intolerância para com os maus. No entanto, apesar de uma memória tão espaçosa, a lembrança de seu primeiro amor achava-se em apertos. Em sua exposição de conquistas pretéritas, o primeiro amor nem era mais exibido, porquanto já o amor o primeiro no sarcófago que, agasalhando pela mastaba de uma adoração bruxuleante, não mais iluminava o caminho dos que rangendo os dentes, seguem para a segunda morte. É chegado o momento de rasparmos as tintas que, pouco a pouco, foram escondendo o Cordeiro. Com a espátula da Palavra, removamos as demãos daquelas cores que dantes pareciam tão vivas, mas que acabaram por esmaecer o carmesim do sangue do Senhor das catedrais de nossas teologias, das basílicas de nosso ativismo e dos mosteiros de nossas místicas esterilidades. A Igreja de Cristo, contudo, dispensa tanto nossas tintas quanto nossos pincéis. Ela é como o pinho-de-riga; prescinde de cores; suas nuanças não haverão de ser superadas.

O pinho-de-riga, natural do Norte da Europa, é uma árvore conífera que, em virtude de suas qualidades, insuperáveis e sempre cobiçadas, é utilizada na fabricação de móveis de luxo e esquadrarias. Essa madeira não precisa do concurso das cores para enfeitar um ambiente; basta o recurso de sua presença para conferir beleza até ao feio. Ela requisita apenas os dedos calejados de um hábil artesão que, munido de algumas ferramentas, dá forma á madeira, porém não lhe tira os matizes indígenas.

A Igreja de Cristo tem muito de arte do marceneiro. Mas foi certamente um carpinteiro que fez a cruz de Nosso Senhor. Era tão simples a sua confecção e tão despojada de contornos, que exigia apenas serrote, martelo e, talvez, uma plaina. Nessa arte sem arte, contudo, plenificou-se toda a multiforme sabedoria de Deus. Encimando-a, a inscrição de um crime local que se universalizou no gracioso perdão do mundo que o Pai tanto amou: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”. Eis a sagrada sabedoria que Justiniano ignorou e que Mehmed procurou encobrir com as demãos de cal e tinta sobre as paredes da imponente basílica de Constantinopla. Não teremos nós encoberto o Cristo com as demãos de nossos caprichos? Deixe que a Igreja manifeste toda a sagrada sabedoria do Altíssimo.



Pastor Claudionor de Andrade é gerente de Publicações da CPAD, comentarista de Lições Bíblicas de Escola Dominical, escritor e membro da Casa de Letras Emílio Conde.

Jornal Mensageiro da Paz de Agosto de 2011, Pág. 21.

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AS PREOCUPAÇÕES DOS ÚLTIMOS TEMPOS ABREM ESPAÇO PARA O ANTICRISTO


Por Zihad Ali



Disse Jesus em Sermão Profético sobre o fim dos tempos: “E ouvireis de guerras e rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores”, Mt 24.6,7.

Antes de o Anticristo chegar ao poder, o Anticristo poderá provavelmente usar preocupações em relação às possíveis mudanças climáticas, ao terrorismo internacional e ao conflito árabe-israelense como plataforma política para estabelecer seu governo mundial (cf. Dn 9.27; 2 Ts 2.9). Mas, longe de resolver essas questões, o anticristo conduzirá a humanidade à quase total aniquilação (1 Ts 5.3). A ONU, o movimento ambientalista e a Nova Era já estão abrindo espaço para isso. É o ministério da injustiça que já opera em nossos dias (2 Ts 2.7). as nações mais poderosas da Terra concordam que algo tem que ser feito para reverter esse quadro. Quem apresentar a solução desses problemas será aclamado como salvador e messias (Ap 13.1-4). Na verdade, essas preocupações estão contribuindo para o surgimento de uma nova ordem mundial, o futuro império romano governado pela besta.

Há ainda as ameaças naturais. Há pelo menos três tipos de ameaças naturais: ameaças biológicas, como epidemias; ameaças geológicas, como terremotos e erupções vulcânicas; e ameaças cósmicas, como distúrbios na atividade solar e colisões de asteroides ou cometas. Dependendo da magnitude, esses eventos naturais são capazes de alterar as condições físicas do planeta e até dizimar população inteiras, como a gripe espanhola, que no início do século 20 vitimou mais de 80 milhões de seres humanos, e o devastador Tsunami, que atingiu o sudeste asiático no final de 2004, matando cerca de 300 mil pessoas em doze países. O fato dessas catástrofes agora estarem se intensificando, em grau e número, e ocorrendo “em vários lugares” do planeta, são fortes sinais indicadores da proximidade da Vinda de Cristo (Lc 21.11).

Mas, será que existe a possibilidade de um desastre natural colocar em risco a sobrevivência da humanidade? Segundo os cientistas, isso poderia acontecer. No parque americano de Yellowstone existe em seu subsolo um supervulcão que caso venha a explodir lançaria uma nuvem de poeira suficiente para encobrir o Sol, e fazer com que a temperatura do planeta caia 10°C. Como resultado desse inverno global, a humanidade seria reduzida a alguns milhares de sobreviventes. Outro cenário ainda pior do que esse seria o choque de asteróide ou cometa com a terra. Astrônomos que monitoram esses objetos já catalogaram alguns asteróides que poderiam estar em rota de colisão com a terra, como o asteróide denominado de 2003 QQ 47. Com pouco mais de 1 km de diâmetro, este asteróide se aproxima da terra a uma velocidade de 115 mil quilômetros por hora. Segundo os astrônomos do Centro de Monitoramento de Objetos próximos à Terra, ele se aproximará perigosamente da terra em 2014. No entanto, a possibilidade de colisão é de apenas 1 para 909 mil. Se uma trombada dessas ocorresse os efeitos desencadeados pelo impacto seriam devastadores. Porém, biblicamente, o mundo não será destruído por nenhuma dessas catástrofes naturais, mesmo que potencialmente elas sejam reais e aconteçam em menor escala em nossos dias. Somente na Grande Tribulação, quando Deus estiver castigando a humanidade, algo semelhante ocorrerá, mas não a ponto de acabar com a vida na terra (Ap 8.7-12; 16.18-21), pois o próprio Senhor Jesus administrará os juízos de Deus nesse período (cf. Ap 6.1; 16.1).

Mas a maior ameaça enfrentada pela humanidade é o pecado e suas nefastas consequências. Todas as calamidades que assolam o mundo têm sua origem na queda do homem.

O relógio criado pela agencia do Boletim dos Cientistas Atômicos não prevê o apocalipse bíblico, mas o apocalipse provocado pelo homem. Ao contrario do mostram os filmes catástrofes de Hollywood, onde asteróides (“Armagedom”), cometas (“Impacto Profundo”), anomalias na atividade solar (“Sunshine – Alerta Solar”, “Presságio”), distúrbios de natureza climática e geológica (“O Dia Depois de Amanhã”, “O Núcleo – Missão ao Centro da Terra”), armas nucleares (“O Dia Seguinte”), pandemias (“Fim dos Tempos”); maquinas com inteligências artificial (“O Exterminador do Futuro”, Matrix”) e até invasões alienígenas (“Independece Day”, “Guerra dos Mundos”, “O Dia em que a Terra Parou” quase aniquilam com a humanidade, o apocalipse descrito no último livro da Bíblia será desencadeado pela a ira de Deus derramada na Terra no período da Grande Tribulação (Ap 6.15,16; 16.1).

As densas nuvens que se vêem no horizonte e os fortes ventos que sopram em nossos dias já sinalizam a formação de uma grande tempestade. É o princípio de dores de que falou o Senhor Jesus em seu sermão profético (Mt 24.8). Quando esta geração má e corrupta tiver enchido o cálice da ira de Deus, então o Juiz de toda a Terra derramará a sua cólera neste mundo. Mas, antes que ela caia, Cristo arrebatará a Sua Igreja (1 Ts 1.10; Ap 3.10). “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação...” (1 Ts 5.9). “Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai a vossa cabeça, porque a vossa redenção está próxima” (Lc 21.28). “Vigiai, pois, em todo tempo, orando, para que sejais havidos por dignos d evitar todas as coisas que hão de acontecer e de estar em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21.36).

Zihad Ali é físico e membro da Assembleia de Deus em Cuiabá (MT) .

Jornal Mensageiro da Paz de Abril de 2011, Pág. 18.
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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

OS CORPOS DOS ÍMPIOS RESSUSCITADOS



“Como serão os corpos das pessoas não crentes na ressurreição?”

(Ailson Guimarães – Belém, PA)



Por José Gonçalves



Ao escrever sobre a ressurreição, o teólogo Gary R. Habermas (2009, p.343) observa que ela é como um diamante multifacetado. Virando para um lado, veremos suas fortes evidências históricas, mesmo se usássemos apenas um limitado número de fatos confirmados pelos dados e que são reconhecidos até mesmo pelos críticos. Por outro lado, se virarmos esse diamante, esses mesmos fatos acabam por efetuar as alternativas naturalistas que visam negar a ressurreição. Se dermos meia volta com essa pedra preciosa, acabaremos por nos concentrar na natureza corporal das aparições de Jesus. Habermas conclui que se mantivermos todas essas facetas em mente, poderemos ver como o foco da ressurreição da Teologia Cristã propicia um ponto de integração entre todos os aspectos da vida.

A Doutrina da ressurreição das pessoas não crentes enquadra-se na categoria de “Ressurreição Geral”. No Antigo Testamento, temos algumas passagens que se referem a ela de uma forma bastante clara, como por exemplo, Jó 19.26, Salmos 49.15 e Daniel 12.2,13. No Novo Testamento, encontraremos cinco tipos de ressurreição:

1) A ressurreição de pessoas que haviam morrido, mas que ressurgiram para a mesma vida mortal, mas agora renovada (Jo 11.43,44; Hb 11.35 e Lc 7.14,15);

2) A ressurreição corporal de Jesus para a imortalidade;

3) A ressurreição futura dos cristãos para a vida eterna (1 Co 15.42,52);

4) A ressurreição espiritual dos crentes através do novo nascimento, para uma nova vida com Cristo (Cl 2.12);

5) E a ressurreição pessoal dos incrédulos para o juízo final e que acontecerá no futuro (Jo 5.29; At 24.15).

Essas duas últimas referências bíblicas são muito claras em distinguir uma ressurreição que conduz à vida eterna condenação. Sobre essa ressurreição das pessoas convertidas ao Evangelho, a Bíblia em muito a dizer, inclusive como será a natureza de seus corpos. Por exemplo, na ressurreição dos crentes, seus corpos serão incorruptíveis (1 Co 15.42), gloriosos (1 Co 15.43), poderosos (1 Co 15.43), sobrenaturais (1 Co 15.44) e iguais ao de Cristo (Fl 3.21; 1 Jo 3.2). Por outro lado, a ressurreição dos ímpios será para a vergonha e humilhação eternas (Dn 12.2; Jo 5.29).

M. J. Harris (2011, p.871) observa que um juízo universal implicará em uma ressurreição universal, mas os injustos serão ressuscitados somente no sentido de que pelo poder de Deus terão seus corpos reanimados, comparecendo perante Deus de uma forma pessoal. Em outras palavras, os incrédulos ressuscitarão, mas não terão seus corpos glorificados como os cristãos. Esse fato é observado pelo expositor bíblico W.W. Wiersbe (2006, p.395) ao destacar que os incrédulos receberão ressurreto, porém não glorificado, para que sejam julgados e sofram nesse corpo os castigos que lhe são devidos. O corpo usado para o pecado sofrerá as consequências desse pecado.



José Gonçalves é pastor em Teresina (PI), escritor, comentarista de Lições Bíblicas da Escola Dominical da CPAD e membro da Comissão de Apologética da CGADB.

Jornal Mensageiro da Paz de Novembro de 2011, Pág. 17.

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JEJUAR SÓ POR BENÇÃO MATERIAL É CERTO?




“É lícito um crente jejuar apenas para pedir a Deus bens materiais?”

(Rozana Paz – Catete, SE)



Por Nemuel Kessler



O jejum é uma benção como recurso aliado da oração, uma arma secreta do crente e uma forma de demonstrar a Deus a nossa imensa necessidade da Sua ajuda e dependência que temos dEle.

Jesus disse para os discípulos: “E quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que os aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”. Jesus não estava condenando o jejum, mas a hipocrisia de se jejuar para se alcançar a aprovação pública. Os fariseus jejuavam voluntariamente duas vezes por semana, a fim de impressionar o povo por sua santidade. Jesus não condena o jejum propriamente dito, somente o jejuar com ostentação, não devendo se realizar diante dos olhos dos homens, mas diante de Deus, que vive em segredo e vê o lugar secreto,. Em Atos 13.3, vemos que, na igreja cristã, a oração tinha o apoio do jejum. Mas, a recomendação de Jesus foi que isso fosse feito discretamente.

Jejuar não é uma maneira de negociarmos com Deus o que queremos, e nem algo para parecer que somos mais espirituais que as outras pessoas. Também não significa busca por bênçãos ,materiais. Neemias, sabendo o triste estado de Jerusalém, ora a Deus, assentando-se e chorando, lamentando por alguns dias e jejuando e orando perante o Deus dos céus. O jejum está sempre vinculando à oração (Ne 1.4), eles constantemente se acompanham (Jr 14.11,12). É a oportunidade que temos de mostrar a Deus a premência de nossa necessidade declarada na oração, a nossa necessidade de passarmos um tempo com Ele, aprendendo a mansidão e gratidão “que fazem lembrar que podemos viver com muito menos e apreciar as dádivas de Deus”.

Jesus jejuou e teve a oportunidade de ensinar a respeito do jejum. Porém, muitos tomam o jejum e usam-no para tentar conseguir que Deus faça o que desejam. E muitas vezes isso se acentua de tal maneira que a pessoa pensa que, com o jejum, pode-se-ia ter o mundo, inclusive Deus, “comendo em nossas mãos”, como dizem.

O Jejum distingue-se da greve de fome, cujo propósito é adquirir poder político ou atrair a atenção para uma boa causa. Também não se trata de dieta de saúde com propósitos físicos e não espirituais o propósito central do jejum é centrar-se em Deus, concentrar-se em finalidades espirituais. Ele ajuda-nos a manter o nosso equilíbrio de vida. A obra do jejum bíblico está no reino espiritual. Lemos em atos dos Apóstolos que os líderes cristãos costumavam jejuar quando iam escolher missionários e líderes das igrejas locais. Isso se constituía num poderoso meio de buscar a orientação divina sem medo de errarem. Na verdade, o jejum vem a ser um auxílio poderoso na busca pela orientação de Deus, muito embora, por si mesmo, sendo utilizado como rito vazio, não tenha valor algum, conforme os fariseus erradamente supunham.

O jejum não garante que a oração será atendida. No caso de Davi (2 Sm 12), vê-se o registro de como lhe feriu ter feito mal diante dos olhos de Deus, tomando a mulher de seu próximo. A sentença lhe foi proferida, cuja espada jamais se afastaria de sua casa. Isso lhe custou chorar amargamente desejando que Deus preservasse a vida do filho que concebeu num relacionamento adúltero com Betseba. Não respondeu Deus a sua oração, nem honrou o jejum de Davi nesse caso específico. Mesmo quando se ora fervorosamente e em jejum, isso não significa garantia absoluta de uma resposta. Paulo, homem de oração e jejuns, não obteve resposta de cura para o “espinho na carne” que tanto lhe afligia. A resposta de Deus foi outra: “A minha graça te basta” (2 Co 12.7-10). Deus sempre é soberano para responder ou não à oração que fazemos no dever de sempre nos submetermos à Sua vontade.



Nemuel Kessler é líder da Assembleia de Deus em Parque Anchieta (RJ), escritor, administrador, membro da Casa de Letras Emílio Conde, presidente da Sociedade Bíblica Unida – SBU.

Jornal Mensageiro da Paz de Novembro de 2011, Pág. 17.

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LIBERDADE DE CULTO: PODEMOS SERVIR SEM ELA



Por Gunar Berg



Não sou filósofo. Não gosto também de ser chamado teólogo. Mas, quando sou lembrado como servo, meu coração dispara. Teólogo e filósofos necessitam de algo que os servos dispensam: liberdade. De expressão. De pensamento. De culto. De tudo. Não atento contra esse princípio básico da democracia, mas não atendo a qualquer reclame que me tente convencer que nossa liberdade de culto carece de defesa. Como assim? Em que sentido? Não discordo que ela esteja sob ataque, mas a questão é que sempre esteve – e assim deve ser.

Embora pareça uma legítima bandeira da Igreja, liberdade para falar de Cristo não faz parte da Grande Comissão. Marcos 16.16 insta-nos a pregar; liberdade não é sequer insinuada ali.

Paulo dizia aos coríntios, com satisfação agora pouco compreendida, de ameaças à pregação, à vida, à liberdade. Regalava-se em que? Por que? Ora, sabia ele que não necessitamos de liberdade para servir. Para ele, e qualquer dos legítimos apóstolos do Senhor, perseguições, calúnias, distorções da verdade e mordaças não exterminavam a Igreja e não encerravam a fé, ainda que pusessem fim às vidas. O que agora é paradoxo um dia foi certeza: os reverses são os palanques sobre os quais se anuncia a Palavra.

São contraditórios o gozo e a preferência de Paulo pelas ameaças e perseguições? Pois mais despropositada é a serventia que se atribui e se devota à liberdade de culto. Não que a liberdade não seja importante, repito, mas faz-se dela o valor último pelo qual lutar, como se o fim dela acabasse com a Igreja. Do jeito que está, em breve não mais pujaremos pelo culto, mas pela liberdade somente – e apenas a nossa, egoístas que somos.

A decantada liberdade de culto está vertendo-se em culto a liberdade, e então, o que é culto virá à tona: gastamo-nos e deixamo-nos agastar por um despropósito, um desatino, um destempero. Liberdade de culto não é quesito espiritual; é, simplesmente, uma demanda conjuntural: hoje se tem; amanhã, não. É mister que seja assim. Quando foi que a Igreja de Cristo espraiou-se nas ondas da liberdade? No aprisionamento de Paulo e Silas? Nas fogueiras de cristãos em Roma? Nos decretos de morte ao Cristianismo de países asiáticos e orientais? No azorrague que lacera a carne dos missionários? Não. A Igreja chegou até aqui não graças à liberdade, mas certamente a despeito dela.

Que é o estado para que nos outorgue liberdade? Quem são os multiculturalistas para que regulem o teor de nossas pregações? Quem os congressistas acham ser para delimitar o alcance da Palavra de Deus? Não sou reacionário, incendiário ou provocativo porque não sou filósofo, pensador ou teólogo, com todo respeito. Mas, sou servo, e como servo sei: ou reaprendemos a servir sem liberdade ou não mais serviremos em verdade.

E se os templos forem fechados? Pois que sejam. E se forem incendiados? Se não há como evitar, deixe-nos queimar. Com que igreja estamos preocupados? Com a de Cristo ou as nossas? E se nos quiserem matar? Morramos, então. Não somos deste mundo! Seremos bem-aventurados por sofrer perseguição por causa da justiça, e teremos o Reino dos Céus.

Enquanto prezamos a liberdade de culto, esquecemo-nos quem somos: somos os servos de orelhas furadas. Somos aqueles que decidiram não ser livres. Somos os que optaram permanecer sob os que auspícios de seu Senhor. Somos aqueles que só sabem servir. E podemos servir sem liberdade.



Gunar Berg é pastor da Assembleia de Deus em Paulínia (SP) e professor de Teologia na Faculdade de Educação Teológica da Assembleia de Deus (Faetad).

Jornal Mensageiro da Paz de Outubro de 2011, Pág. 22.

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EVANGELIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS PARA OS PRÓXIMOS 100 ANOS




Por Raul Cavalcante



“Que nenhum se perca!” – esse é o desejo do Senhor Jesus, conforme João 3.16 (“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna”), e creio que este deve ser o sentimento de toda a Igreja na presente geração.

“Que nenhum se perca!”, mas, para isso, precisamos alcançar todas as faixas etárias e todas as faixas sociais. Como fazê-lo? Precisamos rever nossas estratégias evangelísticas, nos atualizando com a demanda atual para que as pessoas sejam alcançadas para Cristo.

Diante dessa necessidade e visão, a Comissão de Planos Estratégicos de Evangelismo e Discipulado da CGADB entendeu que poderíamos desenvolver um trabalho conjunto para ganhar o Brasil e o mundo, pois Deus nos deu as condições para alcançar esse alvo.

Vejamos algumas sugestões:

1) Em nível de Convenção Geral, devemos investir em um programa de televisão totalmente evangelístico, com apresentações de nossos hinos, corais, cantores e sempre um pregador de alto nível, que leve a mensagem de Cristo, e este crucificado; que leve a mensagem e pura do Evangelho, que a nossa igreja prega. Isso até mesmo elevaria ainda mais a auto estima dos assembleianos e certamente produziria uma grande pescaria, multiplicando o numero dos salvos.

2) Investir ainda mais no uso da internet, para alcançar a massa jovem e pessoas em países onde as portas estão fechadas para o Evangelho.

3) Poderíamos estabelecer mais cultos nos lares, fazendo da casa uma extensão da igreja, que ficaria mais próxima das pessoas, priorizando a comunhão, que certamente alimentaria boas oportunidades para ganhar e discipular pessoas, e integrá-las na igreja.

4) Desenvolver seminários organizados pela CGADB nos moldes do Curso de Aperfeiçoamento de Professores de Escola Bíblica Dominical (Caped), para resgatar essa cultura assembleiana de evangelizar e capacitar para o discipulado.

5) Utilizar as classes da Escola Bíblica Dominical, matriculando pessoas não crentes de todas as faixas etárias em classes, porque assim essas pessoas seriam ganhas e já discipuladas e integradas na igreja.

6) Estabelecer reuniões nas empresas, colégios, universidades e órgãos públicos, para “que nenhum se perca!”.

7) Os pastores devem buscar e priorizar nos cultos a manifestação do poder de Deus para curar, batizar no Espírito Santo e salvar e abençoar pessoas.

8) Incentivar as igrejas a fazer ações sociais, como mutirões, erguimentos de casas para idosos, creches e centros de recuperação de dependentes químicos, enfatizando a nossa sensibilidade com as causas sociais.

9) Realização de cruzadas em todo o país e cultos específicos para empresários, desviados, e outros.

10) Cada igreja em particular também deve fazer o seu próprio planejamento de crescimento, analisando suas próprias estratégias de evangelismo, fazendo estudos e pesquisas de sua área de ação, para estabelecer metas de crescimento em todas as áreas de sua ação.

11) Aproveitar o período da Copa do Mundo no Brasil em 2014 para fazermos evangelismo específico, preparando jovens com conhecimento de inglês, francês e espanhol para falar do amor de Deus nesse período, pois certamente é um trabalho que pode alcançar muitas nações e com custos reduzidos.

12) Organizar um banco de dados, com todas as informações em nível nacional, para suprir todas as demandas das igrejas e proporcionar o acompanhamento da liderança em relação ao crescimento da igreja no Brasil.

É hora de despertarmos do sono da negligência e começarmos a visualizar os campos que estão brancos para ceifar. É preciso começar a colher, pois o tempo está findando, quando ninguém poderá trabalhar. Torna-se tão urgente o cumprimento do desejo de Deus que nenhum se perca! Devemos buscar a ovelha perdida, usando os meios disponíveis e sendo criativos, para agregar essas ovelhas em nosso aprisco, porque, se não, poderá vir o mercenário, que não é pastor, e arrebatá-las.

Creio que a nossa igreja tem todas as condições de crescer ainda mias, porque Deus tem nos dado pastores, segundo o Seu coração, para trabalhar. Temos o melhor doutrinamento e os melhores costumes sociais, os quais são ensinados pela Palavra de Deus, e estamos presentes em todas as cidades, praticamente em todos os povoados e distritos e assentamentos deste país.

Fazer missões é a nossa missão. É exatamente isso que Jesus nos mandou fazer. Precisamos ter como prioridade esse tema em nossas igrejas, em nossas Convenções e em nossos orçamentos financeiros. Se o fizermos, teremos dado o passo mais importante de nossa igreja para enfrentar o segundo centenário, com a certeza de que cresceremos e estaremos preparados para o Arrebatamento da Igreja. Fazer isso é cumprir a vontade de Deus, e certamente a promessa de Jesus em Marcos 16.15-18 se cumprirá mais fortemente em nossos ministérios. “Ide por todo o mundo e pregai”, disse Jesus, prometendo em seguida: “...e estes sinais seguirão os que crerem”. Cumprir o “Ide” resulta em uma maior presença da manifestação divina em nossos cultos diários.



Pastor Raul Cavalcante Batista é líder da Assembleia de Deus em Imperatriz (MA) é presidente da Comissão de Planos Estratégicos de Evangelismo e Discipulado da CGADB.

Jornal Mensageiro da Paz de Junho de 2011, Pág. 18.

* Foto publicada pelo autor do blog