terça-feira, 8 de novembro de 2011

OS DISCÍPULOS SÃO O SAL DA TERRA E A LUZ DO MUNDO (Mateus 5.13-16)




Por Valdemir Pires Moreira


Introdução

Uma das maneiras de interpretar retamente as Sagradas Escrituras é buscar dentro de seu texto e contexto o real significado das palavras. Para que em seguida possamos aplicá-las ao nosso dia a dia. Vejamos os significados nos tempos bíblicos, do sal e da luz no texto de Mateus 5.13-16.

O Sal

αλας = halas = sal

Na antiguidade o sal possuía um valor muito grande. Os gregos costumavam dizer que o sal era divino. Os romanos, em uma frase que em latim era algo como uma das rimas comerciais da atualidade, diziam: “Nada é mais útil que o sol e o sal” (Nil utilis sole et sale).

Os romanos diziam que o sal era o mais puro do mundo porque procedia das duas coisas mais puras que existem: o sol e o mar. O sal é a oferenda mais antiga dos homens aos deuses, e até o final do culto sacrificial judeu toda oferenda era acompanhada de um pouco de sal (Lv 2.13; Nm 18.19; Ed 6.9; Ez 43.24).

Usava-se o sal para impedir que os mantimentos, e outras coisas, apodrecessem ou se corrompessem, para deter o processo de putrefação. Plutarco diz tudo isto de uma maneira extremamente curiosa: “A carne – afirma – é um corpo morto, e forma parte de um corpo morto, e se for deixada entregue a si mesma muito em breve perde a frescura; mas o sal a preserva e impede sua corrupção”. Portanto, segundo Plutarco, o sal é como uma nova alma inserida no corpo morto. (Comentário Bíblico Barclay do Novo Testamento)

O sal era tão valioso na época do Novo Testamento que os soldados romanos frequentemente recebiam os seus salários em sal. Ele era usado como condimento, como conservante, como fertilizante e até mesmo como remédio. (Comentário Bíblico Histórico Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards – CPAD).

No tempo de Jesus, o sal (obtido às margens do mar Morto ou de pequenos lagos na beira do deserto da Síria) facilmente adquiria um gosto insosso e mofado por causa da mistura maior de gesso ou restos de plantas. Por isso não podia ficar muito tempo armazenado. (Evangelho de Mateus, Comentário Esperança – Fritz Rienecker).

O talmude mostra que sal que não era puro e útil para ser usado nos ritos dos sacrifícios (que eram oferecidos com sal), era lançado nos degraus e declives ao redor do templo para impedir que o terreno se tornasse escorregadio, e assim era pisado pelos homens. Também houve instancias do uso do sal na pavimentação de estradas. Assim também, a religião sem autenticidade dificilmente tem o uso digno para os discípulos de Jesus ou para o mundo em geral. (O NT comentado versículo por versículo – R.N. Champlin – Hagnos).



A Luz

φως = phos = luz

As cidades antigas eram construídas com calcário branco, e desta forma reluziam com a luz do sol. Lâmpadas eram mantidas acesas durante toda a noite, dispostas em lugares altos. As duas imagens nos lembram de que a “luz” não deve ficar escondida. Cristo deixa clara sua analogia. Os atos justos dos cidadãos são as luzes que fazem o reino visível a todos. (Comentário Bíblico Histórico Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards – CPAD).

O interior das casas palestinenses era muito escuro, pois tinham apenas uma abertura circular, de uns trinta ou quarenta centímetros de diâmetro, como única fonte de iluminação durante o dia. As lâmpadas que se usavam eram recipientes de barro, com a forma de molheiras, cheias de azeite no qual flutuava a mecha.

Antes de existissem fósforos não era muito fácil reacender um abajur quando apagava. Quase sempre o abajur estava colocado sobre um candelabro, que na maioria dos casos não era mais que um tronco de madeira rusticamente trabalhado. Mas quando se saía da casa, por razões de segurança, o abajur era colocado, aceso, debaixo de uma vasilha, também de barro; deste modo se assegurava que não produziria um incêndio durante a ausência dos donos de casa. A missão primitiva da luz do abajur era ser vista por todos.

Quando há algum perigo no caminho, e é de noite, acende-se uma luz para nos advertir e fazer com que nos detenhamos. Muitas vezes o dever do cristão é advertir a outros do perigo que os espreita. Isto é muito delicado, e às vezes é tremendamente difícil saber como transmitir a advertência para que produza o bem desejado; mas uma das tragédias mais amargas é quando um jovem, especialmente, aproxima-se de nós e nos diz: "Eu nunca teria me encontrado na situação em que estou se alguém me tivesse advertido a tempo do perigo."

Diz-se que Florence Allshorn, a famosa professora, diretora de escola e mística cristã, quando tinha a obrigação de repreender a alguma de suas alunas, o fazia "com seu braço sobre os ombros da transgressora". Se transmitirmos nossas advertências sem nos zangar nem nos mostrar irritados, sem a vontade de ferir, sem uma atitude crítica ou condenatória, mas com amor, obteremos nosso objetivo. A luz que fica visível, a luz que adverte do perigo, a luz que indica o caminho, estas são as classes de luz que deve ser o cristão. (Comentário Bíblico Barclay do Novo Testamento)

Na terminologia dos rabinos, vemos que a “luz” se refere a Deus, a Israel, à Torah e a outros elementos importantes de sua religião. Davi foi chamado de Luz de Israel (2 Sm 21.17). E os seus descendentes são designados luzes em 1 Rs 11.36; Sl 132.17; Lc 2.32.

A passagem de Levíticos 14.3 tem uma interessante citação que não difere do uso que Jesus deu aqui à luz. “Sede luzes de Israel, mais puros que todos os gentios...Que farão todos os gentios, se fordes obscurecidos por transgressões?” A luz, à semelhança do sal, deve ser útil. A luz deve brilhar livremente, sem qualquer empecilho.

Leão Tolstoi queixou-se de que os cristãos, na Rússia de seus dias, deixavam-no sem convicção e inabalável. Disse que somente suas “ações”, e não suas palavras, poderiam modificar os temores da pobreza, da enfermidade e da morte que o perseguiam. Orígenes relata uma história diferente sobre os crentes de seus dias, pois suas vidas, e não suas palavras eram o seu testemunho – invencível. (O NT comentado versículo por versículo – R.N. Champlin – Hagnos).



Fontes:

Comentário Bíblico Barclay do Novo Testamento

Comentário Bíblico Histórico Cultural do Novo Testamento – Lawrence O. Richards – CPAD

Evangelho de Mateus, Comentário Esperança – Fritz Rienecker

O NT comentado versículo por versículo – R.N. Champlin – Hagnos

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Qual a diferença do termo filho em Romanos 8.1-17?






Por Valdemir Pires Moreira



teknon = teknon = filho (Rm 8.15,16)

A palavra filho usada no Novo Testamento vem de duas palavras gregas: teknon e huios. Uma boa definição para a palavra teknon é "aquele que é filho meramente por nascimento". Encontramos teknon em Romanos 8.15,16. A passagem diz que, por causa do espírito de adoção que recebemos, "o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos = teknon de Deus". Quando reconhecemos Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, nos tornamos filhos de Deus por intermédio da experiência do novo nascimento (Jo 1.12).

uiov = huios = filho (Rm 8.14)

A outra palavra para tradução de filhos no Novo Testamento é huios. É usada no Novo Testamento para descrever "aquele que pode ser identificado como filho porque apresenta caráter ou características de seus pais".

Dessa forma, a palavra grega teknon significa, de forma simplificada, "bebês ou filhos imaturos", e a palavra grega huios é freqüentemente usada para descrever "filhos maduros".

Vejamos Romanos 8.14: "Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos = huios de Deus”.

Comprendemos apartir desse texto, que os filhos maduros são aqueles guiados pelo Espírito de Deus. Os crentes imaturos têm menos probabilidade de seguir a liderança do Espírito de Deus.

A Bíblia diz: "Embora sendo Filho = Huios aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu" (Hb 5.8, grifos acrescidos). O crescimento físico é algo que acontece paulatinamente. O crescimento intelectual é uma função do aprendizado. O crescimento espiritual não depende do tempo nem do aprendizado, mas de uma obediência firme da vontade de Deus.

Veja o que Pedro diz em sua peimeira carta: “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado” ( 1 Pe 4.1- Destaque acrescido).

Fonte:

A Isca de Satanás – John Bevere – Editora Atos

Dicionário Vine – CPAD.