terça-feira, 19 de setembro de 2017

O PRIMEIRO LÍDER DA IGREJA FOI PEDRO OU TIAGO?

“É correto dizer que Pedro foi líder da Igreja Primitiva 
ou essa função foi de Tiago? ”
(Valdenir Silva, Coroatá - MA)


Por José Gonçalves

Por ocasião da 18ª Jornada Mundial da Juventude, I que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, o Papa Francisco deu início ao seu discurso de boas vindas com as seguintes palavras: “Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à amada América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua benignidade” (os itálicos são meus).
O que faz o Papa acreditar de feto no mito que é o Sucessor de Pedro?
A crença católica se fundamenta na tradição de que o apóstolo Pedro supostamente teria sido o primeiro líder da Igreja, consequentemente o primeiro Papa. A tradição católica defende que o apóstolo Pedro, logo após o término do seu episcopado em Antioquia, se tornou o primeiro bispo de Roma. Para a doutrina católica, Pedro teria ido a Roma logo após a sua libertação da prisão em Jerusalém (At 12) e tempos depois teria voltado para participar nessa mesma cidade do primeiro Concílio da Igreja.
Sem dúvida, essa é a principal excrescência do catolicismo romano. A razão é bastante simples: de acordo com a Bíblia, Tiago e não Pedro foi quem liderou a igreja apostólica nos seus primórdios. De acordo com a Enciclopédia Virtual Wikipedia, “Tiago, o justo, morto em 62 d.C, também conhecido como Tiago de Jerusalém, Tiago Adelfo ou ainda Tiago, o irmão do Senhor, foi uma importante figura nos primeiros anos do cristianismo. Tiago, o Justo, era o líder do movimento cristão em Jerusalém nas décadas seguintes à morte de Jesus”.
D e fato, o livro de Atos dos Apóstolos põe em evidência essa liderança de Tiago na Igreja Primitiva: “Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios. E, havendo-se eles calado, tom ou Tiago a palavra, dizendo: Homens irmãos, ouvi-me: Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito: Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tom arei a edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que fez todas estas coisas, conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras. Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contam inações dos ídolos, d a fornicação, do que é sufocado e do sangue” (At 15.12-20).
O próprio Pedro reconhece esse fato quando, logo após a sua libertação da prisão, manda comunicar o fato a Tiago: “Ele, porém, fazendo-lhes sinal com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão e acrescentou: Anunciai isto a Tiago” (At 12.17).
Esse posto de proeminência de Tiago na igreja apostólica também é documentado por Josefo, um dos grandes historiadores da igreja e contemporâneo dos cristãos primitivos. Na sua Magnus Opus, a obra História dos Hebreus (publicada no Brasil pela CPAD), Josefo m ostra como até mesmo as autoridades viam em Tiago a liderança da igreja apostólica.
Após falar de Anano, um dos líderes da seita dos saduceus, Josefo escreve: “Ele aproveitou o tempo da morte de Festo, e Albino ainda não havia chegado, para reunir um conselho diante do qual fez comparecer Tiago, irmão de Jesus chamado Cristo, e alguns outros; acusou-os de terem desobedecido às leis e os condenou ao apedrejamento. Esse ato desagradou muito a todos os habitantes de Jerusalém, que eram piedosos e tinham verdadeiro amor pela observância das nossas leis”.
Ficam os, portanto, com a verdade bíblica e as palavras do ex-sacerdote católico Anibal Pereira dos Reis: “Pedro nunca foi papa e nem o Papa é Vigário de Cristo”.

José Gonçalves é pastor em Água Branca (PI), escritor e comentarista de Lições Bíblicas da CPAD.

Jornal Mensageiro da Paz, outubro de 2013, p.17: CPAD.


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