“É correto dizer que Pedro foi líder da Igreja Primitiva
ou essa função foi de Tiago?
”
(Valdenir Silva, Coroatá - MA)
Por José Gonçalves
Por ocasião da 18ª Jornada
Mundial da Juventude, I que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, o Papa Francisco
deu início ao seu discurso de boas vindas com as seguintes palavras: “Quis Deus
na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu
Pontificado me consentisse voltar à amada América Latina, precisamente ao
Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos
profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de modo singular ao
Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua benignidade” (os itálicos são
meus).
O que faz o Papa
acreditar de feto no mito que é o Sucessor de Pedro?
A crença católica se
fundamenta na tradição de que o apóstolo Pedro supostamente teria sido o
primeiro líder da Igreja, consequentemente o primeiro Papa. A tradição católica
defende que o apóstolo Pedro, logo após o término do seu episcopado em
Antioquia, se tornou o primeiro bispo de Roma. Para a doutrina católica, Pedro
teria ido a Roma logo após a sua libertação da prisão em Jerusalém (At 12) e tempos
depois teria voltado para participar nessa mesma cidade do primeiro Concílio da
Igreja.
Sem dúvida, essa é a
principal excrescência do catolicismo romano. A razão é bastante simples: de
acordo com a Bíblia, Tiago e não Pedro foi quem liderou a igreja apostólica nos
seus primórdios. De acordo com a Enciclopédia Virtual Wikipedia, “Tiago, o
justo, morto em 62 d.C, também conhecido como Tiago de Jerusalém, Tiago Adelfo
ou ainda Tiago, o irmão do Senhor, foi uma importante figura nos primeiros anos
do cristianismo. Tiago, o Justo, era o líder do movimento cristão em Jerusalém
nas décadas seguintes à morte de Jesus”.
D e fato, o livro de
Atos dos Apóstolos põe em evidência essa liderança de Tiago na Igreja
Primitiva: “Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que
contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre
os gentios. E, havendo-se eles calado, tom ou Tiago a palavra, dizendo: Homens
irmãos, ouvi-me: Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para
tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos
profetas; como está escrito: Depois disto voltarei, e reedificarei o
tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tom arei a
edificá-lo. Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os
gentios, sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que fez todas
estas coisas, conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras.
Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se
convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contam inações dos
ídolos, d a fornicação, do que é sufocado e do sangue” (At 15.12-20).
O próprio Pedro
reconhece esse fato quando, logo após a sua libertação da prisão, manda comunicar
o fato a Tiago: “Ele, porém, fazendo-lhes sinal com a mão para que se calassem,
contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão e acrescentou: Anunciai isto a
Tiago” (At 12.17).
Esse posto de
proeminência de Tiago na igreja apostólica também é documentado por Josefo, um
dos grandes historiadores da igreja e contemporâneo dos cristãos primitivos. Na
sua Magnus Opus, a obra História dos Hebreus (publicada no Brasil pela CPAD), Josefo
m ostra como até mesmo as autoridades viam em Tiago a liderança da igreja
apostólica.
Após falar de Anano, um
dos líderes da seita dos saduceus, Josefo escreve: “Ele aproveitou o tempo da
morte de Festo, e Albino ainda não havia chegado, para reunir um conselho
diante do qual fez comparecer Tiago, irmão de Jesus chamado Cristo, e alguns
outros; acusou-os de terem desobedecido às leis e os condenou ao apedrejamento.
Esse ato desagradou muito a todos os habitantes de Jerusalém, que eram piedosos
e tinham verdadeiro amor pela observância das nossas leis”.
Ficam os, portanto, com
a verdade bíblica e as palavras do ex-sacerdote católico Anibal Pereira dos
Reis: “Pedro nunca foi papa e nem o Papa é Vigário de Cristo”.
José
Gonçalves é pastor em Água Branca (PI), escritor e comentarista de
Lições Bíblicas da CPAD.
Jornal
Mensageiro da Paz, outubro de 2013, p.17: CPAD.
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